É comum que a população encare problemas feito a incontinência urinária, a constipação e a candidíase como rotineiros e até mesmo “normais”, porém a recorrência dessas disfunções e infecções podem ter impacto muito negativo tanto na saúde quanto na qualidade de vida do paciente, sendo muito mais comuns nas mulheres, duas vezes mais acometidas que os homens.
Pela própria anatomia da região genital, as mulheres acabam sendo mais suscetíveis a infecções na bexiga e vagina, optando, na maioria das vezes, pela automedicação e tratamentos paliativos, que, além de mascarar e não tratar o problema, podem esconder sintomas de doenças mais graves. Por exemplo, apesar de ser comumente confundida com uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), a candidíase é uma resposta natural do organismo a problemas externos, podendo ser causada por diversos fatores, como diabetes, reação ao uso de antibióticos e, até mesmo, estresse emocional. Os antifúngicos utilizados para o tratamento, normalmente no formato de creme vaginal, muitas vezes são utilizados sem receita médica e podem estimular os microrganismos responsáveis pela infecção a criar resistência contra a ação desses remédios, diminuindo sua eficácia. No caso dos comprimidos ingeridos por via oral, reservados para casos específicos, o uso sem prescrição pode sobrecarregar o fígado e levar a quadros de hepatite medicamentosa, sendo esses alguns dos motivos da automedicação ser contraindicada.
Outro problema muito recorrente é a constipação intestinal, popularmente conhecida como “prisão-de-ventre”, que consiste na dificuldade de eliminar as fezes no momento de evacuar. Por conta de mudanças hormonais que afetam o funcionamento do intestino, como o ciclo menstrual e a menopausa, as mulheres acabam tendo mais dificuldade no momento de ir ao banheiro, e, apesar de na maioria dos casos o problema ser contornado com uma dieta mais rica em fibras e a prática de exercícios físicos, o uso de laxantes e o adiamento de uma consulta com o médico podem levar a um quadro crônico de constipação, quadro esse que pode acarretar diversas outras disfunções na região, como a própria incontinência urinária ou fecal.
Além de tudo isso, as mulheres podem apresentar uma disfunção conhecida como prolapso dos órgãos pélvicos, que é a queda da bexiga, intestino delgado, útero ou reto através do canal vaginal, tendo causas múltiplas, como o sobrepeso, o envelhecimento e a constipação intestinal crônica citada anteriormente. Até mesmo a gravidez e o próprio parto também podem contribuir para o surgimento dessa e de outras disfunções pélvicas, o que deixa a mulher ainda mais vulnerável a problemas nesta região.
Como informa a Drª Alcina Teles, fisioterapeuta especializada no cuidado do assoalho pélvico, é indicado realizar um acompanhamento fisioterapêutico específico para essa região durante e após a gravidez: “A gestação aumenta bastante o risco de incontinência urinária de esforço e outras disfunções, então realizar a avaliação do assoalho pélvico e exercitar esses músculos de acordo com o que foi encontrado na avaliação contribui para a prevenção de problemas tanto no pré-natal quanto no pós-parto”, ela explica.
A automedicação e a procrastinação na procura por atendimento médico são apontados pela Doutora como causas recorrentes do agravamento de quadros infecciosos e trazendo consequências para saúde da região pélvica feminina: “Uma questão importante é criar resistência a antifúngicos e antibióticos e outro aspecto é apresentar hipersensibilização da região, desenvolvendo, por exemplo, vulvodínia, micção disfuncional pelo desconforto constante na hora de urinar, dor na relação sexual tanto pela infecção ativa quanto pela memória dolorosa que pode levar a uma hiperatividade muscular, entre outros”. Porém, cuidados simples na rotina podem fazer a diferença e prevenir o aparecimento de problemas no assoalho pélvico da mulher, requerendo apenas um pouco mais de cuidado e atenção nas tarefas do dia-a-dia: “É importante esvaziar a bexiga adequadamente após cada micção, secar bem a região genital após urinar, higienizar preferencialmente a região anal com água e usar o papel higiênico somente para secar, urinar depois ter mantido relação sexual com penetração, beber bastante líquido e controlar a ingestão de açúcares, pois estes contribuem para o agravamento da candidíase. Além disso incluiria também tentar contrair o assoalho pélvico antes de realizar esforços para evitar perdas de urina ou fezes, fazer massagens abdominais, e não inibir o desejo evacuatório para quem tem constipação intestinal”, completa.
Os tratamentos para essas disfunções e pesquisas relacionadas ao assunto têm avançado promissoramente, trazendo mais conforto e mais alternativas para quem procura cuidar da saúde, como nos conta a Drª Alcina: “A fisioterapia pode ajudar na candidíase, por exemplo, com um tratamento recém descoberto que é a fototerapia através do LED azul, desenvolvido por Drª Patrícia Lordêlo, Drª Mariana Robatto e Drª Maria Clara Pavie. Para as outras disfunções, como incontinências, constipação, prolapso de órgãos pélvicos, disfunções sexuais, temos recursos variados, que são escolhidos e utilizados de acordo com a avaliação da paciente. Entre eles estão a eletroterapia, a terapia manual, os exercícios do assoalho pélvico, a radiofrequência não ablativa, o biofeedback de eletromiografia e pressórico, dilatadores vaginais, pessários, cones vaginais, entre outros”.
O Instituto Patrícia Lordêlo conta com uma equipe profissional e especializada, que trata não só vulvovaginites e incontinência urinária, mas qualquer disfunção que afeta a área do assoalho pélvico, como a constipação intestinal e o prolapso pélvico, unindo fisioterapia e tratamentos inovadores para um atendimento personalizado e pensado especialmente para cada paciente.